De quando gostamos
Querida amiga, já te disse, não tens do que te desculpar. Ansiávamos por este dia há tanto tempo que tudo se intrometeu entre nós. O imenso trabalho de final de período, o trânsito, as compras, as horas mal dormidas, o ballet e os tules, os narizes entupidos, ... mas não te preocupes, tudo faz parte do pacote, do NOSSO pacote.
Já to disse e volto a afirmar, não tens do que te desculpar. Todas as minhas expectativas foram cumpridas. Se não, repara:
- Queria abraçar-te: Check!
- Queria estar com a Manhy: Check!
- Precisava conhecer a Sal: Check!
- Estava necessitada de comida: Check (efetivamente deste-me de comer e ainda nos lambuzámos com um quê? Ah, pois, é melhor não dizer...)
- Ansiava pelas nossas gargalhadas: Check!
- Queria sentir-me novamente em casa: Check!
- Lavei a loiça: verdade. Na companhia da tua Manhy, que me deu toda a atenção e mais alguma. Que me ajudou a arrumar a loiça da máquina, que me fez sentir muuuiiiito importante. Não te esqueças de acrescentar à lista que estou a fazer dela dona de casa, também.
- Estivemos a desenhar no quadro COM GIZ. Foi mais um momento de prazerosa cumplicidade.
Estive sentada a assistir a um filme com a Manhy (não me perguntes qual, ela deve saber) e que bem que me soube aquele bocadinho.
- Ajudei-te com o relatório? Verdade. Quantas vezes não me ajudas tu?!? Com a atenuante de que estava cheia de energia. Nada como uma noite sem dormir e toneladas de chocolate a ajudar.
Por isso, querida amiga, quando penso no nosso jantar de Natal, só me ocorre esboçar um rasgado sorriso. Saí de tua casa de coração cheio.
Podes não compreender, mas antes de aí chegar, já me sentia num elemento familiar. Enquanto percorria as estradas de Mafra estava, não sei explicar bem como, a sentir-me feliz. Sentia já uma doentia saudade daquele verde, daqueles edifícios, daquele microclima. Tudo me era familiar. Tudo era mais bonito do que me lembrava. A desgraça faz-nos isto!
E a volta não foi menos lamechas. Aproveitei cada quilómetro de silêncio. Observei cada luzinha por entre a estrada que serpenteava. E que bela visão aquela. O azul-noite foi meu amigo e ofereceu-me uma noite clara e estrelada. Fria e promissora. Tive pena de não poder manter aquela contemplação por mais tempo. Tive pena que entretanto se aproximasse a autoestrada e o IC19. Tive mesmo muita pena. Por mim, deleitava-me com aquela paisagem e sorvia aquela sossego até amanhecer. Mas no dia seguinte, havia que fazer as malas para regressar.
Em jeito de conclusão, abracei Mafra e abracei-te a ti. Ela fez-me feliz e tu deixaste-me, mais uma vez, feliz. Ela fez-me rir, tu provocaste-me o riso. Coisas caras por aqui.
Querida amiga, não deixes nunca de ser quem és. É no teu coração, na tua honestidade e nas tuas fraquezas que estão as tuas maiores virtudes. Não temas ser diferente ou menor. É na tua unicidade que está a tua grandiosidade. Nunca te esqueças disso sim?
Gosto de ti e de tudo o que trazes na mochila!
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Obrigada e Felicidades!