que sorte temos nós que façam birra porque não querem comer. que a façam porque não querem dormir. que nos façam esperar horas nas urgências porque têm tosse. que espalhem pelo chão brinquedos que nos magoam os pés. que gritem e chorem só porque sim. que sorte temos nós por aqui termos nascido. por nos chatearmos por coisas tão pequenas. pelos planos que podemos fazer. por fecharmos os olhos sem ter medo. por não termos os nossos filhos perdidos, soterrados, orfãos, mortos. que sorte não serem os nossos. não serem os meus: os meus filhos cobertos de pó e sangue e medo. é um mundo de merda este, nós só temos sorte.
Blog Eu, ele, a Maria e o Miguel
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